quinta-feira, 28 de julho de 2011

O Paço

O Paço, onde se encontra a escola primária, é um lugar entregue a apenas duas famílias: os da Armanda e os da Filomena. Não fosse o acesso à escola e esta zona quase que poderia ser um condomínio fechado. Começa com a rua Manuel Cirne, ao que se apurou este senhor, que trouxe a senhora da Guia para a nossa freguesia, viveu nesta zona, e depois segue-se a rua Ferreira Gomes outrora Rua Urbanização das escolas e depois sim, a Rua Urbanização das escolas. Se estamos errados quanto a isto, corrijam-nos.
Este é o lugar onde quase toda a gente já apanhou. Contam-se pelos dedos aqueles que em tempos não tiveram as mãos esquentadas pela régua da professora ou a cara pela mão. Era aos 50 bolos de cada vez, à estalada, aos puxões… era praticamente um lugar de aprendizagem e de tortura. Uma coisa é certa: só passava de ano quem sabia e a indisciplina por parte dos alunos era nenhuma. Ali quem mandava eram as professoras e ai de quem fizesse queixa em casa que ainda levava por cima. Bons e maus tempos para todos. Hoje a escola tem outras condições e a árvore da entrada em que muitos se penduravam nos seus galhos imitando o Tarzan desapareceu.
                O maior problema deste lugar debateu-se com o nome da rua. Ao que se sabe, a rua que vai do Quim da Filomena até ao Fernando da Filomena foi paga pelos seus moradores. Por isso esta gente debateu-se para que a rua tivesse o nome das famílias: Gomes Ferreira. Ao fim de anos de luta, lá conseguiram esse feito. Outro problema deste lugar continua a ser o estacionamento na escola primária. Nas horas de entrada e saída da criançada a fila alonga-se entupindo o afluimento do trânsito. Há mesmo quem viva a meia dúzia de metros mas que opta por ir buscar a criança de carro. Uma vergonha. No nosso tempo ia e vinha tudo a pé. Muito mimam os miúdos. E o problema para estacionar é evidente. Os professores deixam os carros em cima dos passeios. Se um camião tiver que ali passar é sempre necessário remover de lá dos carros. Um problema ainda sem solução à vista. Mas também, ao ritmo de nascimentos que tem havido na freguesia não tarda nada a escola fecha e este problema fica resolvido.
Mesmo em frente à escola mora o Tone da Armanda e a sua esposa que desde sempre teve canalha dos outros dentro da porta. Dentro de meses terá um netinho e o treino já é mais do que muito. Já o seu marido lidava com os artistas dos teatros, na década de 70, e actualmente tomou a posição do seu irmão, já falecido, na organização das procissões da freguesia. Quem também tem acesso para o Paço é a o nosso Presidente da Junta. Agora com a sua casa quase pronta ladeada por luxo e seguido pela Casimira que tem as suas éguas. Será que vai participar na feira agrícola?! (este é um tema a explorarmos num outro post). 
Este é um lugar de pouca confusão. É tudo família e eles lá se entendem. Mas apesar de pequeno e de poucas pessoas lá viverem tem também os seus emigrantes. É no Luxemburgo, é na França, é nos Estados Unidos, alguns até já na Bélgica e na Venezuela estiveram, fora os que tiveram as viagens indesejadas do Ultramar que os levou para vários países africanos. É por isso um lugar bastante cosmopolita.
E quem não se lembra das saudosas Tia Filomena e a Tia Micas do Cruz. As duas terminaram os seus dias bem mais pequenas do que aquilo que um dia foram. Era vê-las curvadas mas sempre a trabalhar. A Tia Micas muitos anos andou com o seu carrinho de mão para o quintal que tinha no Souto. Gente de trabalho que em nada se assemelha ao espírito de muita gente da freguesia que é jovem e quer é estar ao alto. O lugar do Paço, nome associado à nobreza e burguesia, é aqui na nossa terra um lugar de gente comum, quase todos a trabalhar e com um grande exemplo para todos, o Joaquim, que foi entrevistado na última edição do Boletim da Junta. No entanto, e de acordo com a simbologia associada ao nome do lugar,  pelo menos no corrente ano, o Paço foi o lugar dos presidentes da freguesia: Paulo Bento como presidente da Junta e Casimira, a cunhada, como presidente da Ass. de Pais da Escola Primária. É assim a rua presidencial.
Até a filha da Tia Micas, a Cinda, não quer largar o trabalho. Continua na terra dos franceses, ao que se sabe a trabalhar, enquanto o seu marido aproveita para tirar umas férias da esposa gozando temporadas maiores aqui na freguesia.
A nossa Maria Callas, a Mena da Tia Filomena, continua a contribuir com a sua voz para a igreja e com a porta da sua loja aberta para todos. Quem nunca foi a esta loja comprar umas linhas ou umas agulhas, um caderno ou uns cordões, uma acetona ou uma graxa? Lá tem muito daquilo que precisamos.  Ela ficou solteira e nem as constantes exibições físicas do seu vizinho a impressionaram. Já quem tiver azar com os carros ou motas qualquer um dos seus irmãos poderá prestar auxílio. A mecânica deves-lhes estar no sangue.
O Paço, como lugar exclusivamente familiar,  tem a grande vantagem de poder camuflar e encobrir muitas histórias...sorte a deles, azar o dos curiosos! 

6 comentários:

  1. Em vez de real é o paço presidencial.
    da escola tenho muito que contar. muita lambada levei por causa dos erros

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  2. O estacionamento é necessário. o vergonhosos é agora ir toda a gente buscar e levar as crianças á escola quando podiam deixar o carro ao pé da igreja ou dos cafés.depois entope tudo, claro!

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  3. duvido que as éguas do quim vão para a feira agrícola. só se fosse para lá irem cag...

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  4. Ai é Paço o nome do lugar?! Pensei que fosse Passo… por ser o lugar onde se “acertava o passo” (por causa da escola) =)

    Mas pelos vistos é Paço de palácio, burgo e assim… fui ver ao wikipédia. Lol

    Se foram os moradores que construíram a escola, eles são mesmo boas pessoas! Se fosse comigo colocava logo uma portagem na entrada da urbanização e depois colocava parquímetros em todos os sítios.
    Se assim fosse de certo não precisavam emigrar para os EUA e outros sítios que tal.

    Ah! E cobrava ainda uma taxa por casa inscrição na escola! Temos que ser empreendedores!!! Fosse eu que tivesse uma rua...


    Abraço para o pessoal do Paço!

    Lince do Leça

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  5. Épá! só agora é que reparei no meu lapso.

    Eles construiram a rua e não a escola =)


    Lince do Leça

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  6. Para a próxima ,por favor ,se possivel informem-se melhor com pessoas de idade avançada,pois tanto quanto sei ,do Lugar do Paço apenas a Escola faz parte .As três Familias a que se referem sempre pertenceram ao lugar do Carvalhal ou, pelo menos ,parte delas. Só mais uma coisinha:Não falem depreciativamente de pessoas que já partiram e não estão cá para vos questionar e se poderem defender.Pensem na familia deles que já sofreram o suficiente.Além do mais é bom não esquecer o ditado popular que diz:"Não digas mal ,ou queiras o mal, do teu vizinho ,que o teu já vem a caminho."

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